Ribeirão ou seria córrego Santo Antônio?

Grande quantidade de sedimentos no leito do córrego

O conteúdo abaixo foi extraído do livro Memórias de Pedro Ludovico:

Dos cursos d’água examinados dentro de uma raio de dez quilômetros, verificamos que o escoamento da cidade a construir deveria ser para o rio “Santo Antônio” ou para o rio Meia Ponte, dependendo da escolha, de levantamentos que possam determinar a maior economia.

Do estudos hidrográficos resulta:

5 – Rio “Santo Antônio”, situado a sudoeste, com a descarga horária de 5.870.000(cinco milhões, oitocentos e setenta mil) litros horários, e distante seis quilômetros, na altitude de 655 (seiscentos e conquenta e cinco) metros.

——–

Antes de iniciar, coloquei alguns trechos separados especialmente para o assunto que vou falar, o córrego Santo Antônio. A época de Pedro Ludovico poderíamos chama-lo de rio, hoje em dia não passa de um córrego. Seu estado é deplorável. É um dos córregos com a situação mais crítica da região metropolitana de Goiânia. É interessante como as coisas mudam, de um rio o rebaixamos para um córrego.

O Ribeirão Santo Antônio nasce na Serra das Areias, com altitudes próximas aos 920 metros. Ele corta setores como Independência Mansões, Jardim Tiradentes, Parque das Nações, Veiga Jardim e continua seguindo seu curso até desaguar no Rio Meia Ponte, com altitude próxima a 640 metros.

Um dos principais problemas que cercam o Santo Antônio atualmente é o assoreamento do seu leito; a ocupação desordenada de suas margens e uma política de drenagem urbana ineficiente levaram o córrego ao caos. O crescimento de Aparecida de Goiânia se deu sem nenhum planejamento. Não é atoa que frequentemente no período das chuvas existem casos de inundação ou até mesmo mortes provocadas pela fúria avassaladora do curso d’água. Observa-se a ausência completa de vegetação ciliar causada pela expansão urbana sem controle, o que de fato provoca o carregamento de sedimentos pelas águas das chuvas. Todos os afluentes do Santo Antônio estão na mesma situação: paredões imensos de terra são deslocados todos os anos para dentro do leito destes, provocando um grave problema de assoreamento.

Apesar de parecer que o volume de água do córrego é grande, a profundidade nesse trecho oscila entre 20 a 30 cm.

Aparecida de Goiânia tem sofrido uma transformação em seu território de maneira muito rápida. A falta de planejamento, aliada a uma péssima estruturação, além da ação de especuladores imobiliários que se focam em populações carentes, que resultam na ocupação de áreas que não eram destinadas a moradia, tem se tornado um problema grave para as redes hidrográficas da cidade, em especial ao córrego Santo Antônio.

Além das erosões e assoreamentos do leito do córrego, ainda temos os problemas causado pelos restos de construções, abandonados indiscriminadamente nas margens do córrego, seja pelo fato de não haver um local destinado aos rejeitos das obras, ou seja para tentar inutilmente controlar as erosões nas margens do córrego. Soma-se a isso os resíduos sólidos, tais como plásticos, pneus, brinquedos e isopores, além do esgoto clandestino que chega ao córrego diariamente.

Problema em praticamente toda a extensão do córrego Santo Antônio, as erosões de suas margens.

Ano que vem (2012), após as chuvas, o projeto MeiaPonte.Org e convidados irão fazer uma expedição pelo leito do córrego Santo Antônio, partindo por um ponto com uma vazão maior do córrego, que permita a navegação por caiaque, para ir fotografando e filmando o estado atual do córrego até próximo a sua foz. Esperamos assim descobrir muita coisa bonita, mas infelizmente muita coisa triste também irá aparecer.

Quem diria que o rio que Pedro Ludovico imaginou que poderia ser utilizado para o abastecimento da nova capital, hoje em dia está relegado a um simples córrego: feio, sujo e esquecido.

3 comentários sobre “Ribeirão ou seria córrego Santo Antônio?

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.