Série Mundo Paralelo – O Lago

Acervo: meiaponte.org
Acervo: meiaponte.org

Siga a água e logo encontrará um homem. Para nós, seres humanos, a água é indispensável, logo, deveríamos tratá-la muito melhor.

Imagine um lago, vaidoso que só, belo, imponente, cercado por árvores, com águas cristalinas, que começa a ser frequentado por seres humanos. No início fica contente com toda sua popularidade, mas logo percebe que seres humanos são contraditórios e que apesar de aproveitarem de toda sua beleza, o maltratam.

O lago, percebendo o perigo que corre decide falar com os causadores de todo o mal, os seres humanos. Ele vaidoso e falante se dirige a pessoa mais próxima.

– Ei você, não vê como sou bonito e imponente? Gosta de mim, não gosta? Por que me faz mal?

Percebendo a confusão da pessoa que tenta entender o que ocorre, confirma que está falando com ela. Mas dessa vez procura ser menos convencido e dá um tom mais grave ao diálogo.

– Sim, você mesmo, está me ouvindo? Estou morrendo.

A primeira pessoa que ouve o lago, uma criança, corre assustada e ninguém entende o porquê daquela correria. Logo todos entendem o motivo e se voltam para o espelho d’água para escutar o que ele tem a dizer.

– Vocês usam a minha água para tudo, para banhar e principalmente para bebê-la, fico pensando porque vocês precisam jogar tanto lixo em mim. Porque cortam as árvores que estão ao meu redor. Não veem que estou secando? Dependem tanto de mim, por que me fazem, tanto mal? Ajudem-me!

Foi um burburinho danado, um lago falante! No principio até pensaram em ajudar. No calor do momento fizeram reuniões, planos, e até elegeram alguns moradores para serem os representantes junto a autoridades do município. Tudo para salvar o lago. Infelizmente após um tempo, os problemas pessoais de cada um, as correrias do dia a dia, e a falta de interesse do poder público para ajudar, fez com que todos se esquecessem da agonia do lago e assim seguissem suas vidas como se nada tivesse acontecendo.

– Eiii, me ajudem, eu estou morr…

O lago já sem forças para poder dizer alguma coisa, foi definhando, definhando, até que se transformou em uma poça de lama cheia de sujeira. Aquele belo e imponente lago deixou de existir, nem brejo virou. Sua nascente foi sufocada por construções e a população que antes bebia daquelas águas, se viu em grandes problemas. Logo foram obrigados a procurar novos locais para morar, pois ali não havia mais lago e nem água para beber. Esqueceram-se do lago da mesma forma que o município se esqueceu deles.

Mesmo após o abandono do local o lago não mais reviveu, sua morte foi rápida e triste.

No final sobrou apenas ficou uma lição, a de nunca maltratar aqueles dos quais você depende, pois, caso um dia eles se forem, sua vida estará em grande risco.

Quantos lagos, córregos ou rios como esses são destruídos frequentemente por nós seres humanos? Vamos deixar isso continuar ou vamos ficar de braços cruzados e olhos vendados fingindo que não é conosco?

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